segunda-feira, 28 de novembro de 2011

POSTOS R4 - TROCA DE ÓLEO

Apesar de simples, a troca de óleo pode esconder perigos e armadilhas. Veja as dicas para seu motor durar mais.
Simples à primeira vista, a troca do óleo é muito mais importante para a vida útil do motor do que muitos imaginam. Uma lubrificação deficiente pode causar desde danos mais simples - como redução de desempenho e aumento do consumo de combustível - até o temido diagnóstico de "motor fundido", que pode representar até metade do valor do automóvel na hora de conserto. Com o objetivo de derrubar mitos e esclarecer as principais dúvidas dos motoristas, ouvimos especialistas no assunto para descobrir as melhores dicas para fazer seu óleo (e motor) durar mais.

Deve-se usar aditivo no óleo?
A resposta para essa pergunta, como explica Eduardo Polati, diretor da PowerBurst, empresa de tecnologia de fluidos para competição, é "complexa e polêmica e se trata de uma escolha do usuário". Isso porque, se for usado óleo do mais alto nível API, o aditivo não se faz necessário. "Em alguns casos, há o aumento da potência em função da redução de atrito promovida por agentes modificadores de fricção contidos nesses aditivos, mas poucos apresentam essa competência", diz o especialista. Os fabricantes de óleo, por sua vez, não recomendam aditivos. Segundo eles, já há um pacote de aditivo balanceado no óleo, por isso, o uso de aditivos extras pode até comprometer a vida útil do motor.

É preciso trocar o óleo na metade do prazo quando se roda só na cidade?
O tempo para a troca de óleo deve ser reduzido pela metade nos casos de "uso severo", situação que consta em quase todos os manuais de proprietário. Essa definição aplica-se a motoristas que enfrentam grandes engarrafamentos (com velocidade média inferior a 10 km/h), estradas com muita poeira, barro ou lama, ou quando o veículo roda no máximo 5 km por viagem. "Minha esposa, professora, sai de casa, roda 3,5 km até chegar à escola, fica parada a manhã toda e depois, no fim da tarde, vai para casa, fazendo o percurso inverso. Nesses casos, o motor não atinge a temperatura ideal de trabalho e toda a condensação de água e combustível não queimado vai para o cárter e contamina o óleo, fazendo com que ele tenha a viscosidade reduzida. Isso causa a oxidação e a degradação do lubrificante", explica Silvio Riolfi Junior, especialista técnico da Chevron Lubrificantes.

Utilizar a marcha lenta por longos períodos também é considerado um fator crítico para a lubrificação, que se torna mais eficiente quanto mais alta for a rotação do motor, ou seja, quando o motorista conseguir desenvolver uma velocidade constante. Na prática, porém, nem sempre as concessionárias exigem que o motorista que roda nessas condições mais críticas faça a troca de óleo na metade do prazo previsto, quando o veículo ainda está sob garantia. Nessa situação, o proprietário pode pedir para que seu caso seja incluído no plano de uso severo.

O filtro precisa ser substituído a cada troca de óleo?
"Trocar óleo e manter o filtro é o mesmo que tomar banho e não trocar de roupa", diz Riolfi. Apesar de cada veículo ter uma especificação, a recomendação geral é a substituição de óleo e filtro juntos, já que o segundo impede a circulação de impurezas no motor. "Se você comparar a manutenção corretiva com a preventiva, que é substituir o filtro de forma correta, a relação custo-benefício é muito maior. Não trocar o filtro pode comprometer peças que têm um custo elevado se comparadas à economia de economizar no filtro", afirma Raul Cavalaro, gerente de desenvolvimento de produtos da fabricante de filtros Mann.
O óleo sintético é sempre a melhor opção para o motor?
O custo elevado dos óleos sintéticos (em geral com especificação 0W, 5W e 10W) muitas vezes afasta o usuário, que acaba escolhendo lubrificantes minerais. Os sintéticos, no entanto, são apontados pelos especialistas como melhor opção, até mesmo num popular, pois trazem benefícios de longo prazo, como partidas mais rápidas, economia de combustível, preservação do motor de arranque e bateria, redução do desgaste e aumento da vida útil do motor. Um aspecto, no entanto, merece maior atenção: "Se eu usar um óleo sintético 15W40 no lugar de outro mineral 15W40, não terei qualquer benefício associado ao lubrificante sintético, apenas vou gastar mais na troca. O benefício só é válido no caso de um mineral 15W40 que tenha sido substituído por um sintético 5W40, por exemplo", diz o especialista Eduardo Polati. Vale lembrar ainda que o ganho de desempenho proporcionado por um lubrificante sintético pode não valer a pena num popular, por exemplo, afinal o sintético custa até cinco vezes mais que um mineral.

Deve-se trocar apenas na quilometragem indicada no manual?

Em alguns casos, é necessário estar atento também ao tempo de uso, mesmo que o carro percorra pequenas distâncias. "No caso da troca do óleo por tempo e não por quilometragem, normalmente sua contaminação e oxidação já estão elevados. Quanto mais ele se oxida, mais cresce sua viscosidade, aumentando o consumo de combustível, perdendo potência, formando vernizes e aumentando emissões", afirma Riolfi. Em geral, deve-se trocar o óleo após um ano de uso, mesmo que esteja abaixo da quilometragem indicada no manual do proprietário.

Podemos completar o nível com óleo de outra marca?
Não há problema, desde que eles sejam de mesma especificação, mas não vale misturar mineral com sintético. Polati explica que os lubrificantes de mesma especificação de desempenho e viscosidade (leia ao lado) devem obrigatoriamente ser compatíveis. "A mistura de lubrificantes de especificações diferentes, não importando se em níveis de desempenho ou viscosidade, vai alterar essas propriedades. Por exemplo: misturar um 5W40, que é mais fluido na partida a frio do motor, com um 15W40, que é menos fluido na mesma condição, tornará a mistura menos fluida, o que pode significar perda de eficiência, aumento de consumo de combustível e desgaste de motor, motor de partida e bateria", diz Polati.

Dupla Afinada
A especificação do óleo é definida por dois parâmetros: viscosidade e nível de desempenho API. O primeiro determina a fluidez do lubrificante e é formado por dois números. Num óleo 15W40, por exemplo, o 15 representa a viscosidade na partida a frio e o 40 a fluidez a 100 ºC. Quanto maior, mais viscoso, ou seja, mais espesso ele é. O ideal é que o primeiro número seja o menor possível (para que tenha fluidez quando estiver frio, oferecendo pouca resistência) e o segundo, o mais alto possível (para que seja mais espesso em alta temperatura, protegendo mais o motor). O nível API indica a formulação de aditivos usados. Os mais comuns são os SG, SH, SJ, SL e SM, sendo o primeiro o que oferece o menor poder de limpeza e proteção do motor e o último, o maior poder. Se o motor do seu carro pede um óleo SH, você pode usar um de nível superior, como SJ ou SL, mas um motor para SJ não pode usar um SH.

Fonte: Revista Quatro Rodas